É importante que o casal venha junto nas consultas, uma vez que a dificuldade em engravidar é do casal e deve sempre ser avaliada desta forma. Na primeira consulta, conversamos detalhadamente sobre a história do casal que está chegando, avaliamos os exames já realizados previamente e realizamos uma ultrassonografia pélvica transvaginal para contagem de folículos antrais (uma forma eficaz de avaliação de reserva ovariana). Nesta consulta realizamos toda a investigação complementar necessária para que na consulta subsequente, a maioria dos casais já tenha um direcionamento do melhor tratamento a ser realizado. Nós da Clínica Effetto entendemos que apesar dos problemas relacionados com a fertilidade serem comuns entre os diferentes casais, cada casal é único e especial e precisa ser investigado desta forma.
Fator masculino
A presença de espermatozoides em número e qualidade suficientes é imprescindível para obtenção da gravidez, seja ela natural ou assistida.
Existem diversas patologias que atingem o trato reprodutor masculino. O primeiro e mais importante exame a ser solicitado é o espermograma. Este exame analisa a quantidade de espermatozoides e fornece um perfil simplificado da qualidade dos mesmos. Alterações encontradas neste exame podem dar pistas sobre a patologia causadora da alteração seminal.
Espermograma | OMS 2010 |
Volume (mL) | 1,5 |
ph | ≥7,2 |
Concentração (x106/mL) | 15 |
Concentração total (x106/mL) | 39 |
Motilidade (a+b) | 32% |
Vitalidade | 58% |
Morfologia (Kruger) | > 4% |
Neutrófilos (x106/mL) | < 1 |
Os principais parâmetros a serem avaliados no espermograma e seus níveis de referência normais são:
# volume ejaculado: ≥ 1,5mL QUADRO
# total de espermatozoides ejaculados: ≥ 39 milhões QUADRO
# concentração de espermatozoides: ≥ 15 milhões/mL QUADRO
# vitalidade: ≥ 58% vivos QUADRO
# motilidade progressiva: ≥32% QUADRO
# formas normais: ≥ 4% QUADRO
Dentre as doenças mais comuns que interferem na produção dos espermatozoides (espermatogênese) encontram-se:
1. Varicocele: é a dilatação das veias testiculares que levam ao aumento da temperatura escrotal trazendo prejuízo à espermatogênese. Vale lembra que nem sempre é causa de infertilidade, mas é a causa tratável mais comum e está presente em cerca de 40% dos homens com infertilidade primária. Seu diagnóstico é basicamente clínico, necessitando em algumas ocasiões do ultrassom de bolsa testicular. O tratamento da varicocele, quando indicado, é cirúrgico.
2. Ejaculação retrógrada: ocorre em pacientes submetidos a grandes cirurgias pélvicas (ressecção transuretral de próstata), diabéticos ou com problemas de inervação da região pélvica. Nestes casos, pode haver uma contagem muito reduzida ou até ausência de espermatozoides no ejaculado.
3. Azoospermia: é a ausência de espermatozoides no ejaculado. Ela pode ser de causa obstrutiva, ou seja, quando existe algum fator que impeça a saída dos espermatozoides pelo ducto ejaculatório ou quando este ducto não está presente (agenesia congênita bilateral dos deferentes). A fibrose cística é o principal exemplo da azoospermia obstrutiva, responsável por 6% dos casos. Casos de vasectomia também estão incluídos neste diagnóstico. O prognóstico é bom, já que o problema não está na produção e sim no transporte dos espermatozoides.
A azoospermia também pode ser não obstrutiva, ou seja, toda anatomia pélvica masculina está preservada, porém a produção de espermatozoides está gravemente afetada. As causas são basicamente genéticas. Frente a este diagnóstico é mandatória a realização de cariótipo e pesquisa de microdeleção do cromossomo Y. Infelizmente, em apenas 15% destes pacientes serão encontradas anormalidades nos exames genéticos. O restante dos casos será de causa desconhecida. Neste tipo de situação, pode-se fazer uso da biópsia testicular. A chance de se encontrar espermatozoides nesta biópsia é de 50%, a depender das características de cada exame.
Ovulatório
A ovulação é o fenômeno responsável pela liberação do gameta feminino: o óvulo. Mulheres com menstruação regular (ciclos entre 25-35 dias) geralmente possuem ovulação normal.
Na disfunção ovulatória, a liberação do óvulo pode ocorrer num intervalo maior de tempo ou até mesmo não ocorrer. Isso pode ser causada por diversas patologias hormonais. Entre as mais comuns estão a síndrome de ovário policístico (SOP), a hiperplasia adrenal congênita, as disfunções dos hormônios tireoidianos (hipo ou hipertireoidismo) e o aumento nos níveis de prolactina (hiperprolactinemia). Existem medicações que podem auxiliar na correção desta disfunção.
A disfunção ovulatória também pode ser sinal de insuficiência ou até mesmo de falência ovariana (menopausa). Nesses casos a reserva ovariana já muito comprometida, com uma quantidade de óvulos reduzida.
Fator Tuboperitoneal
As tubas ou trompas uterinas são responsáveis pela coleta do óvulo e por promover o seu encontro com o espermatozoide; é aqui que ocorre a fertilização. Além disso, é a trompa que carrega o embrião para dentro da cavidade uterina, onde ele deve se implantar e se desenvolver. Assim, quando a trompa falha em captar o óvulo a gravidez não acontece, e quando ela falha em carregar o embrião acontece a gestação ectópica*.
A doença inflamatória pélvica (DIP) causada principalmente pelos microorganismos Clamidia e/ou Gonococo é a causa mais comum da doença tubária e peritoneal. Esta infecção pode deixar sequelas como obstrução ou disfunção tubária, hidrossalpinge e aderências.
*Gravidez ectópica: gestação que acontece principalmente nas trompas e pode colocar em risco a vida da paciente.
Endometriose
É definida como a presença de células da camada mais interna do útero (endométrio) fora da cavidade uterina. A endometriose é uma doença bastante prevalente na população subfértil, podendo afetar até metade das mulheres com dificuldade para engravidar. Os sintomas mais clássicos incluem cólicas menstruais intensas e dor na relação sexual, mas a doença pode ser assintomática, o que retarda a suspeita diagnóstica.
Esta patologia pode trazer prejuízo na obtenção da gestação através de diversos mecanismos, provocando alteração em várias substâncias e moléculas relacionadas com a ovulação e fertilização. Além disso, causa uma reação inflamatória na cavidade pélvica que deixa cicatrizes (aderências) que distorcem a anatomia nas tubas e de outros órgãos vizinhos (ovário, bexiga e intestino). Quando afeta os ovários, a endometriose pode levar à redução da reserva ovariana (redução na quantidade de óvulos).
Causas imunológicas
A imunidade, principalmente feminina, parece atuar em diversos níveis relacionados com as chances de engravidar e a gravidez dar certo. Até mesmo o desenvolvimento da endometriose, citada anteriormente, parece ter relação com imunidade alterada.
A síndrome classicamente conhecida por comprometer a gravidez é a síndrome antifosfolipídeo, no entanto os níveis de células natural killer e outros autoanticorpos tem tido cada vez mais destaque na investigação do casal subfértil.
Causas endócrinas
Distúrbios de tireoide e prolactina estão entre os problemas endocrinológicos que afetam a fertilidade. Eles podem estar relacionados com dificuldade em engravidar, perda gestacional precoce ou até mesmo complicações para o bebê, principalmente no caso de doença de tireoide.
Além disso, hoje sabemos que a vitamina D também possui função hormonal, e tem um papel fundamental tanto no processo reprodutivo como no bom andamento da gravidez, portanto seus níveis sempre devem ser dosados.
Causas uterinas
A parte interna do útero, chamada endométrio, é a estrutura responsável por receber e possibilitar todo o desenvolvimento embrionário, por isso precisa estar em condições para suportar este processo.
Pólipos, miomas, malformações mullerianas são algumas das alterações estruturais que muitas vezes precisam ser corrigidas cirurgicamente. Por outro lado, processos infecciosos, por exemplo, podem ser tratados apenas com uso de medicações.
Alem disso existem estudos que mostram que mesmo naquele endométrio aparentemente saudável, pode haver problemas em relação a sua receptividade. Isso se dá principalmente quando o desenvolvimento do endométrio não está sincronizado com a fase em que o embrião se encontra.
Causa desconhecida
Apesar de inúmeros fatores conhecidos que podem levar a infertilidade, ainda existem alguns casais em que a causa não é identificada, apesar de uma investigação detalhada. Mesmo que a causa não seja conhecida, entretanto, existem tratamentos que podem ser oferecidos para estes casais com boas taxas de sucesso.
Estilo de vida
Fertilidade e saúde são assuntos complementares. Já está bem definido que manter hábitos de vida saudáveis, incluindo alimentação adequada, atividade física moderada e um bom padrão de sono são fundamentais para todo casal que se prepara para gestar. Isso vale desde o período pré concepcional, pois tanto o óvulo quanto o espermatozoide podem sofrer influência de fatores externos durante seu amadurecimento.
Uma dieta rica em peixes, legumes, vegetais e pobre em carboidrato tem relação direta com um aumento na chance de gestação.
Os exames a serem solicitados para cada casal vão depender da sua história e do seu exame físico. O processo de individualização de tratamento já deve iniciar com um bom direcionamento na avaliação inicial.
Geralmente a investigação da mulher é mais extensa, o que não significa que a investigação do homem seja menos importante. Lembramos sempre que a investigação é do casal.
Para ela:
EXAMES DE SANGUE SIMPLES: uma serie de exames são solicitados com vistas a entender como está a saúde em todos os níveis que possam interferir na parte reprodutiva como, por exemplo, níveis de vitaminas, hormônios e infecções.
TROMBOFILIAS E OUTRAS ALTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS: exames de sangue enviados a um laboratório de ponta podem revelar alterações importantes na área imunológica, cujo tratamento pode ser um divisor de águas entre ter ou não um bebê saudável em casa.
GENÉTICA: um simples exame de cariótipo ou um aprofundamento como o CGT-600 podem revelar importantes doenças genéticas que são transmitidas à prole.
CONTAGEM DE FOLÍFULOS ANTRAIS: exame realizado através da ultrassonografia pélvica transvaginal já na primeira consulta aqui na clínica. Essa contagem dá uma boa ideia de como está a reserva ovariana da mulher.
DOSAGEM SÉRICA DE HORMÔNIO ANTIMULLERIANO: oferece avaliação mais precisa da reserva ovariana (número de óvulos) de cada paciente, e é fundamental para guiar a indicação do melhor tratamento.
HISTEROSSALPINGOGRAFIA: consiste na injeção de contraste para avaliação da permeabilidade das trompas uterinas. Pode nos ajudar a ter uma ideia de funcionamento desta estrutura que deve garantir o encontro entre óvulo e espermatozoide em um processo de gravidez natural ou de tratamento de baixa complexidade (coito programado e inseminação intrauterina).
ULTRASSONOGRAFIA/RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA PARA INVESTIGAÇÃO DE ENDOMETRIOSE: o exame para avaliação de endometriose precisa ser realizado por um profissional com muita expertise, para que possamos ter um diagnóstico preciso desta doença que vai interferir diretamente na escolha do tratamento.
HISTEROSCOPIA: consiste na introdução de uma câmera dentro do útero da mulher para avaliação a cavidade. Estruturas como pólipos, miomas e malformações, além de sinais de infecção podem ser diagnosticados através deste exame.
VIDEOLAPAROSCOPIA: está caindo em desuso como ferramenta diagnóstica, mas pode ter importante papel terapêutico, especialmente para alguns casos de endometriose.
AVALIAÇÃO ENDOMETRIAL: existem exames que avaliam doenças do endométrio e outros que tentam avaliar sua receptividade. Indicado para pacientes que já falharam com tratamentos anteriormente.
Para ele:
EXAMES DE SANGUE SIMPLES: para o homem também são solicitados níveis de vitaminas, hormônios e infecções, cujas alterações devem ser corrigidas antes do tratamento.
GENÉTICA: um simples exame de cariótipo ou um aprofundamento como o CGT-600 podem revelar importantes doenças genéticas que são transmitidas à prole.
ESPERMOGRAMA: consiste na avaliação dos parâmetros já mencionados anteriormente (ver quadro das principais causas, fator masculino). Deve ser realizado com 3 a 5 dias de abstinência sexual em um laboratório de referência.
TESTE DE FRAGMENTAÇÃO DE DNA: aprofundamento da avaliação da qualidade do sêmen. Alterações deste exame podem estar relacionadas a maus hábitos de vida.
ULTRASSOM TESTICULAR: complementando o exame físico, algumas patologias, especialmente a varicocele, podem ser diagnosticadas através do ultassom.
A medicina reprodutiva trouxe a possibilidade para casais do mesmo sexo terem filhos biológicos. O tratamento de casais homoafetivos acaba sendo um pouco mais complexo pois requer obrigatoriamente doação de gametas, e no caso de casais masculinos, também do útero de substituição.
Casais homoafetivos femininos: neste caso, precisamos da doação do semên. Existem bancos de sêmen nacionais e internacionais que permitem a escolha o doador de acordo com as características desejadas. Vale lembrar que a doação aqui no Brasil SEMPRE é anônima, não sendo possível realizar o tratamento com sêmen de pessoa conhecida ou com qualquer grau de parentesco.
Os casais femininos costumam realizar um tratamento em que uma das parceiras participa com a doação de seus óvulos e a outra recebe o embrião, passando então por todo período gestacional. Nestes casos é necessária a realização da técnica de fertilização in vitro.
Em alguns casais é possível realizar a IIU, mas nestes casos a mesma parceira que contribui com os óvulos e também aquela que passa pela gestação.
Casais homoafetivos masculinos: para estes casais além da doação dos óvulos, é necessário que tenhamos o útero de substituição ou a chamada “barriga de aluguel”. Os casais recebem óvulos de uma doadora anônima que serão fertilizados com o sêmen de apenas um dos parceiros.
Para o útero de substituição, o Conselho Federal de Medicina exige que esta mulher tenha parentesco de até 4° grau com algum dos parceiros. A técnica utilizada obrigatoriamente é a fertilização in vitro.
A preservação da fertilidade consiste em congelamento de óvulos, espermatozoides ou embriões.
Esta modalidade terapêutica foi inicialmente desenvolvida para aqueles pacientes com alguma doença cujo tratamento afeta diretamente quantidade e qualidade dos gametas, especialmente o câncer. Assim, quando curados da doença os pacientes ainda podem realizar o seu sonho de terem filhos.
Além disso a idade afeta diretamente a capacidade reprodutiva da mulher. Por isso, é importante que mulheres que ainda não encontraram seu parceiro, ou que simplesmente desejam postergar a maternidade saibam que podem optar pela criopreservação de óvulos.
Saiba mais sobre este assunto na aba de tratamentos.
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